Farsul projeta safra recorde para 2015


 

A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) projeta uma safra de 31,6 milhões de toneladas para 2015 no Rio Grande do Sul. O crescimento de 8,1% na comparação com 2014, quando foram colhidos 29,2 milhões de toneladas, representaria um novo recorde estadual. A expansão da área plantada e da produtividade devem ser os catalisadores da recuperação após um ano de queda. Os números, além do balanço deste ano, foram apresentados durante coletiva de imprensa realizada ontem, na sede da entidade.

Para o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, o agronegócio viveu dois momentos diferentes em 2014, com uma safra “relativamente boa” no verão e “uma quebra violenta” no inverno. O trigo, que teve uma redução de 40,6%, foi o principal responsável pelo recuo de 3,2% na produção total. “Vínhamos de uma safra cheia, com preço bom e qualidade, mas outros fatores nos penalizaram, como a elevação dos custos de produção e margem de ganho reduzida tendo em vista a retração do valor das commodities, o que ainda deve trazer dificuldades para o próximo ano”, avalia Sperotto.

No próximo ano, a área plantada, que vem batendo recordes desde 2013, deve aumentar mais 2,2%, atingindo os 8,6 milhões de hectares. O movimento será impulsionado pela soja, que deve ganhar mais 3,3% sobre os 4,9 milhões de hectares e, com isso, ter uma colheita de mais de 14 milhões de toneladas. “Se tivermos uma produtividade dentro da média histórica, esses números devem confirmar a recuperação e o crescimento de 8,1%. É um número elevado, mas que se dá em cima de um ano de queda”, pondera o economista da Farsul, Antônio da Luz.

O aumento dos custos de produção e a redução da rentabilidade do produtor preocupam. De acordo com Da Luz, o faturamento das lavouras teve queda de 2%, com grande contribuição do trigo, mas também por causa da soja e do milho. O arroz e as carnes, por outro lado, ajudaram a melhorar o resultado. Em 2015, os ganhos devem crescer 11,1% em razão da possibilidade uma safra maior aliada a preços das commodities em recuperação. “Isso não significa que a renda vá aumentar, pois os custos também estão aumentando. A safra atual está em R$ 1,1 bilhão, ou seja, 10% mais cara do que a que foi plantada no ano passado”, ressalta.

Aprimorar o seguro rural está entre as principais bandeiras da entidade a partir de janeiro, uma vez que, segundo Sperotto, o endividamento acumulado do setor está diretamente vinculado à inexistência de uma proteção que possa atender o produtor em casos de intempéries ou desequilíbrios de mercado. A segurança e a comunicação no campo, a melhoria das infraestruturas de escoamento e armazenagem foram reinvindicações entregues ao governador eleito José Ivo Sartori. Em relação ao emplacamento de máquinas agrícolas, considerada “uma avidez arrecadatória que atrapalha o produtor”, a entidade espera a prorrogação da obrigatoriedade para 2016.

Além disso, utilizando como exemplo o arroz, que teve sua dívida renegociada e vem de quatro anos de estabilidade na produção e nos preços, a Farsul pretende dar atenção especial à cadeia do trigo. Sperotto, inclusive, voltou a reclamar da isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) que permitiu a entrada de grãos oriundos de países de fora do Mercosul no mercado nacional no último ano. “Essa cadeia terá um acompanhamento mais rigoroso na produção e na indústria para tentar conciliar o quadro atual”, garante Sperotto.

Brasil abate mais frangos e suínos no terceiro trimestre

O Brasil abateu 1,42 bilhão de frangos no terceiro trimestre deste ano, aumento de 6,7% na comparação com o trimestre anterior e de 2,7% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. O resultado é o maior desde 1997, quando se iniciou a pesquisa. O dado é da Pesquisa Trimestral de Abate de Animais divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O peso total dos animais abatidos chegou a 3,25 milhões de toneladas, o que representa crescimentos de 6,7% em relação ao trimestre anterior e de 5,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. O abate de suínos também teve crescimentos de 5,1% em relação ao segundo trimestre deste ano e de 3% na comparação com o terceiro trimestre de 2013. Os 9,64 milhões de animais abatidos são o maior número desde 1997.

O peso total abatido atingiu 833,37 mil toneladas, ou seja, 4,2% maior do que o trimestre anterior e 2,8% superior ao terceiro trimestre do ano passado. Por outro lado, o abate de bovinos, que chegou a 8,46 milhões de animais, teve queda de 1% em relação ao trimestre anterior e de 4,5% na comparação com o terceiro trimestre de 2013. O peso total chegou a 2,04 milhões de toneladas, 1,3% superior ao segundo trimestre deste ano, mas 4,1% inferior ao mesmo período do ano passado.

Já o abate de bovinos no terceiro trimestre atingiu 8,45 milhões de cabeças sob inspeção sanitária, uma redução de 4,5% em relação a igual trimestre de 2013. O resultado interrompeu uma sequência de 11 aumentos consecutivos na comparação anual de trimestres iguais. Em relação ao segundo trimestre deste ano, também houve queda de abates, de 1%. O peso acumulado de carcaças no terceiro trimestre de 2014 (2,037 milhões de toneladas) foi 1,3% maior ante o trimestre imediatamente anterior, mas 4,1% menor do que o registrado no terceiro trimestre de 2013.

Produtores esperam cenário com PIB baixo e inflação alta

A taxa de crescimento do PIB brasileiro, de acordo com a Farsul, deve ser de 0,26% em 2014. Para 2015, a projeção é de elevação de apenas 0,8%. Além disso, a tendência apontada pela entidade é de inflação acima do teto da meta no próximo ano, com índice chegando aos 6,74%, sendo impulsionada, principalmente, pelos preços administrados, energia elétrica e combustíveis.

Nesse sentido, o economista da Farsul, Antônio da Luz, projetou as seguintes ações para a próxima equipe econômica do governo federal: equilíbrio fiscal via redução dos gastos públicos, aumento da taxa de juros, retirada de incentivos fiscais, maior abertura econômica para empresas estrangeiras que realizam grandes obras e concessão de obras e exploração de resultados para a iniciativa privada em projetos de infraestrutura e mobilidade urbana.

A recuperação da agropecuária gaúcha, cujo PIB deve ser de 8,4% em 2015, contribuirá para que o Rio Grande do Sul cresça acima do Brasil, a uma ordem de 1,2%. Entretanto, em 2014, a taxa deve fechar em 0,1%, puxada também pela agropecuária negativa em 2,3%.

“O trigo é o principal vetor de perda, mas mesmo a soja e o milho contribuíram negativamente. Se não fossem o arroz e a carne, a perda seria muito maior. Para o ano que vem, os vetores do crescimento do setor deverão ser a safra maior e os preços um pouco acima”, explica Da Luz.

Fonte: Jornal do Comércio