65,1% das famílias brasileiras estão endividadas e cartão de crédito é vilão


A leve melhora na economia, por enquanto, se limita às análises otimistas de economistas ligados às instituições financeiras. Na vida real, o trabalhador enfrenta desemprego e informalidade ou emprego precário com salário baixo que não chega até o fim do mês.

O resultado é o aumento no percentual de famílias brasileiras endividadas, que não conseguem pagar, especialmente, as faturas dos cartões de crédito que permanecem no primeiro lugar do ranking dos principais motivos da inadimplência.

Em novembro, o percentual de famílias endividadas subiu para 65,1% contra 60,3% no mesmo período do ano passado e 64,7% em outubro. São dívidas no cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnê de loja, prestação de carro e prestação da casa.

Em primeiro lugar, como 78,8%, estão as dívidas com o cartão de crédito. Em seguida estão as dívidas com carnês (15,7%) e, depois o financiamento de carro, com 9,2%.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (5), pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

De acordo com a pesquisa, o percentual de famílias endividadas inadimplentes, ou seja, com dívidas ou contas em atraso, subiu em relação a novembro de 2018, mas caiu em relação a outubro deste ano. Em novembro, o percentual foi de 24,9% contra 24,7% do mês anterior. Em novembro de 2018, 22,9% das famílias brasileiras estavam inadimplentes.

O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, continuariam inadimplentes, aumentou na comparação mensal para 10,2% em novembro, ante 10,1% em outubro. O indicador foi de 9,5% em novembro de 2018.

Entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de atraso foi de 64,4 dias em novembro deste ano, inferior aos 64,6 dias em novembro de 2018. O tempo médio de comprometimento com dívidas entre as famílias endividadas foi de sete meses, sendo que 32,7% delas estão comprometidas com dívidas por mais de um ano, de acordo com a CNC.

Por faixa de renda

O número de famílias endividadas apresentou tendências semelhantes entre as faixas de renda pesquisadas, na comparação mensal e anual.

. Nas famílias que ganham até dez salários mínimos, o percentual endividamento foi de 65,9% em novembro de 2019, superior aos 65,6%, observados em outubro de 2019, e superior aos 61,5% de novembro de 2018.

. Nas famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual de famílias endividadas aumentou, entre outubro de 2019 e novembro de 2019, de 61,1% para 61,6%. Em novembro de 2018, o percentual de famílias com dívidas nesse grupo de renda era de 55,4%.

. Na faixa de menor renda, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso diminuiu de 27,8% em outubro de 2019 para 27,7% em novembro de 2019. Em novembro de 2018, 25,9% das famílias nessa faixa de renda haviam declarado ter contas em atraso.

. Já no grupo com renda superior a dez salários mínimos, o percentual de inadimplentes alcançou 11,6% em novembro de 2019, inferior aos 12,0% alcançados em outubro de 2019, porém acima dos 10,1% de novembro de 2018.

. Na faixa de maior renda, 3,6% afirmaram não ter condições de quitar seus débitos. Em outubro eram 3,7% em outubro.

. Na faixa com renda de até dez salários mínimos, o percentual de famílias sem condições de quitar seus débitos passou de 11,8% em outubro de 2019 para 12,1% em novembro de 2019. Em relação a novembro de 2018, houve alta de 1,1 ponto percentual.

Muito endividados

A proporção das famílias que se declararam muito endividadas aumentou entre os meses de outubro de 2019 e novembro de 2019 – de 14,0% para 14,4% do total de famílias. Na comparação anual, houve alta de 1,6 ponto percentual.

Na comparação entre novembro de 2018 e novembro de 2019, a parcela que declarou estar mais ou menos endividada passou de 23,2% para 22,9%, e a parcela pouco endividada passou de 24,3% para 27,8% do total de famílias.

 

 

Fonte: CUT Nacional