Medidas do governo para veĆ­culos atendem problemas imediatos do setor automotivo


A medida provisória publicada pelo Governo Federal na última terça-feira (6) busca atender os problemas do setor automotivo que sofre, desde antes da pandemia de covid-19, com diminuição de produção, falta de semicondutores e inexistência de política de produção local nas autopeças. Essa é a avaliação do secretário-geral da CNM/CUT, Renato Carlos de Almeida (Renatinho).

O dirigente considera que o governo atende às reclamações dos sindicatos que alertaram para o perigo das paradas de produção de montadoras pelo país, que ameaçavam milhares de empregos diretos e indiretos na cadeia produtiva do setor.

“O governo se esforça para atender algumas demandas do setor, focando principalmente na diminuição do preço, preservação ambiental e na produção local”, disse Renatinho.

Apesar disso, segundo o dirigente, existem problemas, como a falta de garantia de preservação de empregos por parte das montadoras, e a falta de indicação para linhas de créditos que permitam a compra desses carros por quem deseja fazer um financiamento.

O presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, acredita que agora é o momento do movimento sindical se mexer e dialogar com as montadoras para saber a situação de cada uma delas, principalmente as empresas que estão em lay-off e afastaram os trabalhadores temporariamente da produção por excesso de veículos nos pátios. “Queremos também verificar outros setores, como o de autopeças, e ver como essa medida afeta os trabalhadores dessas empresas”, disse o dirigente.

Para a economista da subseção Dieese da CNM/CUT, Renata Filgueiras, as medidas do governo ainda não representam uma política industrial central do governo. “A iniciativa, pela sua configuração, não deve passar dos quatro meses previstos e pode até ser menor que esse tempo por causa do valor da renúncia fiscal colocado à disposição da medida”, afirma a economista.

Medidas ampliadas

Segundo as medidas anunciadas pelos ministros da Indústria e da Fazenda, pelos próximos quatro meses os compradores de carros poderão ter descontos que vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Esses descontos serão concedidos com base no cumprimento de três critérios: social (preço mais baixo), ambiental (carros que poluem menos) e densidade industrial (predominância do modelo na indústria brasileira). A medida vale para veículos até R$ 120 mil reais e alcança 20 marcas.

Planejado inicialmente apenas para carros de passeio, o programa foi expandido para ônibus e caminhões, depois de solicitação de setores da indústria que produzem esses veículos.

“Resolvemos combinar e ampliar o crédito do programa, de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão. Agora, o programa todo somado, é de R$ 1,5 bi, sendo R$ 500 milhões para automóveis baratos e poucos poluentes, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para vans e ônibus”, declarou Fernando Haddad.

Juros precisam baixar

O secretário-geral da CNM/CUT acredita também que é necessário que o governo tenha um projeto que não perca de vista a questão da mobilidade e do transporte em massa no país, e que, do lado dos trabalhadores, a luta para pressionar o Banco Central por juros menores não arrefeça, já que a alta Taxa Selic é um dos principais fatores de reclamação da indústria automotiva para os problemas do setor.

Fonte: CNM/CUT