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29.03.21   |   Geral

No país do desgoverno, é a ação solidária que ajuda os brasileiros que têm fome

ROBERTO PARIZOTTI

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O agravamento da crise econômica provocado pela pandemia do novo coronavírus e também pela falta de propostas de desenvolvimento econômico e social do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) tem transformado o cenário das ruas das grandes cidades brasileiras. Quem anda por São Paulo, a maior cidade da América Latina no estado mais rico da federação, percebe o aumento significativo no número de pessoas em situação de vulnerabilidade, que não têm nem onde morar, nem o que comer.

Sem as políticas públicas a que têm direito, mas foram extintas ou reduzidas pelo governo Bolsonaro, todos dependem da solidariedade de entidades e grupos de pessoas que se unem para ajudar a quem tem fome.

Em dois anos, Bolsonaro conseguiu destruir as políticas criadas pelo ex-presidente Lula, que foi condecorado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o título de “Campeão Mundial na Luta Contra a Fome”.

Quando Lula assumiu em 2003, 8,6% da população vivia com algum tipo de insegurança alimentar. Em 2013, o índice era de 3,6% e um ano depois, em 2014, o Brasil saiu oficialmente do Mapa da Fome e virou referência mundial com o programa Fome Zero, ponto de partida do combate à fome como política de Estado em pleno século 21.

Com Bolsonaro, que cortou até o pagamento do auxílio emergencial em dezembro do ano passado, em plena pandemia, a insegurança alimentar voltou a atingir milhares de brasileiros.

Solidariedade brasileira
A proteção à vida agora depende da solidariedade. Diversas iniciativas de movimentos sociais têm ajudado na arrecadação de alimentos para poder matar a fome de quem não tem trabalho e, portanto, não tem o que comer. São milhares de pessoas que estão contando com a ajuda de terceiros para sobreviver.

Uma dessas iniciativas é a Cozinha Solidária do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto (MTSTd). O movimento pretender inaugurar 16 cozinhas comunitárias em dez estados brasileiros e no Distrito Federal para servir ao menos uma refeição diária gratuitamente para a comunidade de cada local, em periferias.

“Além da distribuição de refeições completas e balanceadas, o projeto dialoga e abraça, diretamente, uma importante iniciativa: o cultivo de hortas urbanas comunitárias nas periferias, que fornecerão alimentos para as cozinhas solidárias e, sempre que possível, para doação às comunidades próximas”, diz o MTST

Guilherme Boulos, líder do movimento lamenta que quem tem fome não possa contar com o governo. Em entrevista à Rede Brasil Atual, Boulos criticou Bolsonaro por ter suspendido o auxílio emergencial de R$ 600 em dezembro. “Querem voltar pagando R$ 250 e para um número bem menor, é pouco, muito pouco. Ainda mais com a comida e o gás no preço que estão”, ele disse.

A iniciativa conta com apoio de personalidades como as chefs Paola Carosella e Bel Coelho, que considera o aumento da fome no Brasil, não somente culpa da pandemia, mas um “projeto de governo genocida”, se referindo a Bolsonaro.

“Fazia muitos anos que não via tanta gente em situação degradante na rua, pedindo comida, revirando lixo, comendo comida estragada”, disse Bel Coelho à RBA.

Se tem gente com fome, dá de comer
Um vídeo que circula pelas redes sociais conta com a participação de artistas como Patrícia Pilar, Chico Buarque, Zélia Duncan, Gilberto Gil, Marcos Palmeira, Seo Jorge, além do Padre Julio Lancelotti repetindo a frase: “se tem gente com fome, dá de comer”.

Ieda Leal, secretária de Comunicação da CUT Goiás, também representante do Movimento Negro Unificado (MNU) participa do vídeo.

O vídeo é parte da campanha idealizada pela Coalizão Negra por Direitos, apoiada por movimentos sociais, que tem como objetivo doar cestas básicas para 223 mil famílias de periferias, favelas, palafitas, comunidades ribeirinhas e quilombos, em todo o território nacional.

A campanha ‘Tem Gente Com Fome” visa arrecadar fundos por meio da colaboração da sociedade. As doações podem ser feitas pelo próprio site e vão de R$ 10 a R$ 5.000. Até o momento, já foram doados R$ 4,1 milhões.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Douglas Belchior, fundador da Coalizão Negra, explica que a iniciativa surgiu após o fim do auxílio emergencial.

“A fome se espalhou pelo país e os governos não se mobilizam, em nenhuma esfera. Não gostaríamos de fazer essa campanha, não é desejo de nenhum movimento social que seja necessário esforços para comprar comida para que pessoas não passem fome, mas o Estado não garante dignidade em vida para as pessoas, então tivemos que agir”, ele disse.

Estômago vazio
O Brasil é o terceiro maior produtor de grãos do mundo. É neste cenário que a fome já vinha se agravando desde de antes da pandemia. De acordo com dados divulgados em setembro passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, cerca de 10,3 milhões de brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar grave. O número é 43,7% maior do que em 2013, quando 7,2 milhões estavam nesta situação. O mesmo estudo aponta que 84,9 milhões enfrentavam algum nível de insegurança alimentar.

Os dados do instituto no que se refere ao número de miseráveis no Brasil ainda não foi atualizado para que se tenha um panorama levando em consideração os impactos da pandemia. Porém, o número de desempregados aumentou de 12,3 milhões (antes da pandemia) para mais de 14 milhões este ano. Isso, sem contar no número de trabalhadores informais que perderam renda no período. Cerca de 40% deles perderam o emprego, somente no ano passado.

Se não fosse o benefício aprovado pelo Congresso após pressão da CUT, centrais sindicais e movimentos sociais, 67,8 milhões de pessoas, provavelmente não teriam o que comer. O auxílio voltou mas fica a pergunta: “o que comprar para sobreviver durante um mês com um benefício de R$ 250,00?”. O valor corresponde a 39% do preço da cesta mais cara do Brasil, (São Paulo - R$ 654,15).

Levando em consideração que a maioria dos benefícios, nesta fase, será de R$ 150,00, ter o que comer durante o mês é uma missão impossível.

 

Fonte: CUT Nacional

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