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18.10.22   |   Economia

Queda na prévia do PIB expõe fragilidades da economia e incapacidade de atuação do governo

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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A queda no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), medido pelo Banco Central (BC) é mais um sinal da fragilidade da economia brasileira, que não encontra caminhos para um crescimento à longo prazo com sustentação. Na avaliação de economistas ouvidos pelo Brasil de Fato, o resultado apresentando pelo BC nesta segunda-feira (17) expõe a ineficiência das medidas adotadas pelo governo, até mesmo aquelas que têm roupagem eleitoreira e poderiam melhorar a popularidade do candidato Jair Bolsonaro (PL).

Em agosto, a atividade econômica brasileira registrou queda de 1,13% na comparação com o mês de julho. Até mesmo quem vislumbrava que o desaquecimento da economia iria voltar a aparecer nos números considerou o índice alto.

Apelidado de "prévia do PIB", o IBC-Br é um mecanismo que busca antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado do mês retrasado indica, portanto, retração na produção no período inicial do segundo semestre.

Sem investimento

O economista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Daniel Negreiros Conceição explica que o índice pode ser influenciado por fatores que não necessariamente mostram que a economia está mal. Para entender se isso está acontecendo é preciso avaliar também os dados em relação ao ano anterior, por exemplo. Nesse caso a análise mostra que o IBC-Br teve crescimento de 4,86%.

Mas, segundo Negreiros o "tombo" de agosto revela mais que uma oscilação natural influenciada por aspectos sazonais. O resultado expõe que as medidas de Jair Bolsonaro têm efeito limitado pela crise que o próprio governo alimentou.

"Quem ainda está 'puxando' a economia são os serviços, mais reativos às transferências de renda. A indústria está encolhendo. Isso é reflexo da absoluta ausência de estratégia de industrialização dessa governo. Não investem, não fomentam o investimento privado e ainda apertam o crédito pelo lado monetário."

Negreiros avalia que a queda seria ainda mais expressiva se estivessem em prática as medidas de austeridade defendidas pelo Ministério da Economia desde o início do governo Bolsonaro.

Para ele é natural que os "efeitos multiplicadores" do aumento no Auxílio Brasil e das ações para diminuir os custos dos combustíveis e do gás de cozinha ainda não tenham aparecido totalmente. Mas o resultado inicial das medidas já está na conta e não foi suficiente para aquecer a economia ou gerar qualquer grau de estabilidade.

"Certamente já pegou os efeitos mais diretos do estímulo. Além disso, o Auxílio Brasil mais modesto de 400 reais já existia desde o início do ano, e já exigia flexibilização das regras fiscais, especialmente do teto de gastos. Então segue valendo o argumento de que o que impediu o tombo de ser maior ainda - e o que pode reverter um pouco a tendência contracionista na estimativa de setembro e até o final do ano - é o estímulo fiscal via transferências de renda."

População endividada

O professor de economia da Unicamp, Marco Antonio Rocha, afirma que o governo não apresentou ações que gerem vetores de crescimento a médio e longo prazo e vem se mostrando incapaz de melhorar o cenário também para o curto prazo.

"A economia brasileira apresenta esses breves surtos de crescimento, mas que são logo interrompidos, pelo fato de que a economia brasileira carece de algum vetor mais estrutural que gere crescimento como um todo."

Ele também destaca que o crescimento dos meses anteriores não teve relação com a retomada nas atividades de setores que poderiam influenciar resultados mais sustentáveis. "As altas anteriores estavam sendo puxadas pelo setor de serviços que não é um setor com muita capacidade de sustentar um ciclo de crescimento por muito tempo."

O professor lembra que uma parte significativa da renda das famílias está comprometida com dívidas e pagamentos obrigatórios. Com índices recordes de endividamento e uma população que ainda tenta respirar depois de altas consideráveis na inflação, as soluções apresentadas pelo governo federal têm poucas chances de trazer efeitos significativos.

"Qualquer retomada no curto prazo passa, de certa forma, pelo consumo das famílias. Ainda que tenha havido algumas medidas para injetar recursos nas pontas, a gente tem que lembrar que o nível de endividamento das famílias brasileiras está muito alto."

As oscilações do IBC-Br confirmam a instabilidade da economia. Em junho e julho houve crescimento, mas tanto abril quanto maio registraram queda. O "tombo" de agosto foi o mais expressivo para um mês desde março do ano passado, quando o Brasil vivia um dos momentos mais dramáticos da pandemia da covid-19.

 

Fonte: Brasil de Fato

 

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